Em 1830, os
irmãos Louis-Victor e Joseph-Célestin Baume fundaram a Baume Frères Watch, no
pitoresco vilarejo de Les Bois, na região montanhosa de Jura, próximo a Berna
na Suíça, passando a fabricar relógios com sua própria marca. A “Frères
Baume” logo se tornou uma empresa relojoeira importante, graças ao talento
comercial e aos rigorosos métodos industriais dos dois irmãos, que sempre
seguiram estritamente seu lema: “Aceitar apenas a perfeição. Fabricar
unicamente relógios da mais alta qualidade”.

Desde o princípio, o objetivo da companhia
“Frères Baume” era fabricar relógios tradicionais de alta qualidade,
enriquecidos com os mais novos avanços tecnológicos do momento. A família Baume
também foi inovadora em termos comerciais, tendo um dos dois irmãos, Joseph-Célestin,
aberto uma filial em Londres chamada “Baume Brothers”. A Baume Brothers
se expandiu rapidamente através do Império Britânico, da Índia à Cingapura, e
da Birmânia até a África, tornando-se ainda pioneira na venda de relógios em
mercados emergentes, tais como a Austrália e a Nova Zelândia.
Em 1876, quando a segunda geração assumiu o negócio, “Frères Baume” já havia
conquistado uma sólida reputação internacional por seus relógios simples, seus
cronógrafos e modelos com grandes complicações, que incluíam repetidores de
minutos, calendários e tourbillons. Foram novamente dois irmãos, filhos
do cofundador Louis-Victor, que assumiriam a direção da empresa. Alcide
Baume se encarregou da produção em Les Bois, enquanto Arthur Baume se instalou
em Londres e se responsabilizou pelo marketing internacional. A empresa não
tardou a abrir filiais em Genebra, na Suíça, bem como na Filadélfia, nos
Estados Unidos.
Em 1918, com o fim da Primeira Guerra Mundial,
mudanças radicais ocorreram na indústria, nas
artes e na sociedade em geral. A
emancipação das mulheres levou-as a usar relógios de luxo como broches, em
longos colares ou no pulso, uma tendência que se tornou possível graças à
miniaturização dos movimentos dos relógios. Depois de confirmar sua utilidade
em contexto militar, o relógio de pulso foi pouco a pouco substituindo o
relógio de bolso na preferência masculina.
A Baume testemunhou o nascimento de uma nova
geração, e o jovem William Baume, grande visionário e talentoso relojoeiro,
estava ávido por tirar partido das novas oportunidades oferecidas pelo clima
efervescente da época. Morando então em Genebra, decidiu estabelecer uma
parceria com uma figura pitoresca chamada Tchereditchenko, que mais tarde veio
a adotar o sobrenome francês materno e passou a ser conhecido pelo nome de Paul
Mercier.
Nascido em Odessa, de pai russo, Paul Mercier era
uma pessoa apaixonada e refinada, um grande amante da arte, que dominava sete
línguas e possuía um excepcional discernimento para os negócios.
Apesar de seus temperamentos muito diferentes,
embora complementares, os dois homens compartilhavam a mesma visão da
relojoaria contemporânea, e decidiram unir suas forças em 1918, criando a Baume
& Mercier.
William Baume tratava dos aspectos técnicos,
enquanto Paul Mercier era responsável pelo design e pelo lado comercial
dos negócios. Juntos, estabeleceram uma manufatura de relógios capacitada em
Genebra, que confeccionava relógios de primeira qualidade e movimentos que eram
exportados para os Estados Unidos.
Em 1919, apenas um ano após o nascimento da
empresa, os movimentos Baume & Mercier foram recompensados com o “Poinçon
de Genève”, selo oficial de Genebra, a mais alta distinção da arte da
relojoaria fina. Um ano e meio mais tarde, Baume & Mercier foi apontada
como a marca de relógios tendo produzido o maior número de movimentos
certificados por esse prestigioso selo de qualidade.
Em 1924, Baume & Mercier aparece na listagem
oficial da indústria de relógios de Davoine, um registro de referência das
empresas relojoeiras, como um dos quatro fabricantes estabelecidos em Genebra,
junto com Patek Philippe, Vacheron Constantin e Haas Neveux. Focando firmemente
na relojoaria de alta qualidade que combina a excelência técnica com um look
contemporâneo, a empresa conheceu um rápido sucesso, apesar das graves crises
que atingiram a indústria relojoeira suíça no início dos anos 20 e da quebra do
mercado de ações de 1929.
O período entre o final de 1930 e 1950 testemunhou
a passagem de bastão a uma nova personalidade
marcante na direção de Baume
& Mercier, o Conde Constantin de Gorski.
William Baume retirou-se da empresa em 1935 por razões de saúde, e Paul Mercier
vendeu suas ações em 1937 à família Ponti de célebres joalheiros e ourives do
norte da Itália. Durante os anos 40 e ao longo da Segunda Guerra Mundial, os
cronógrafos Baume & Mercier se tornaram relógios de predileção, e ainda
hoje são muito procurados por colecionadores.
Em 1952, Baume & Mercier adquiriu novos
recursos de produção para seus cronógrafos com a compra da fábrica C.H. Meylan
na cidade de Le Brassus, no Vale de Joux. Em 1964, com o intuito de reforçar a
identidade da marca, Baume & Mercier escolhe a letra “FI” como novo emblema
visual da marca.
Conhecido desde a antiguidade como o “número do
ouro”, por sua representação da proporção perfeita, o FI passou a figurar como
logotipo da Baume & Mercier em todos os mostradores de seus relógios. Foi a
partir dessa época que a Baume & Mercier adquiriu o status de marca de luxo
acessível, que mantém até hoje.
A marca também acentuou sua abordagem vanguardista e inovadora, especialmente
durante os anos 70.

Nos anos 80 o destino de Baume
& Mercier dá uma nova guinada, quando o grupo de luxo que mais tarde se
tornaria Richemont adquire a Piaget e a Baume & Mercier. No Grupo Richemont, Baume &
Mercier adquire uma nova independência e uma vitalidade renovada. A marca faz
prova de uma criatividade notável, introduzindo uma série de modelos em suas
linhas de relógios de luxo, clássicos e esportivos: Catwalk (1997) relança o
relógio de pulseira larga; Capeland (1998) se apresenta com ares aventureiros;
e Hampton (1994) se torna um relógio clássico de aço retangular e o modelo mais
importante da marca. Em 2002, Baume & Mercier dá um passo a mais
rumo à autonomia, com a abertura de suas próprias oficinas em Les Brenets, na
região suíça de Jura. Isso representou uma verdadeira volta às origens em mais de um aspecto: um
retorno da produção à região de Jura, berço da empresa Baume (embora a sede de
Baume & Mercier tenha permanecido em Genebra) e um retorno a um modo de
fabricação usado pelos “Frères Baume” durante o século XIX, conhecido como établissage
(ou gestão de projetos), porém combinado com toda uma série de modernas
vantagens.
Sempre fiel às suas origens, Baume & Mercier continua a oferecer uma gama
de peças de relojoaria autênticas, com um toque contemporâneo, que integram a
atenção ao detalhe, os padrões de alta qualidade e o respeito às regras da fina
relojoaria, virtudes sobre as quais a empresa erigiu sua reputação
internacional desde 1830.









